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‘Dialogar para transformar Santo André’
Wilson Guardia
06/05/2024 | 08:43
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


Gilvan Junior, secretário de Ações Governamentais de Santo André, nome escolhido pelo prefeito Paulo Serra (PSDB) a sucessão municipal, afirma que tem como missão “continuar transformando” a cidade, caso eleito. Para isso aposta no constante diálogo com a classe política e com a sociedade. “É preciso manter a chama acesa”, disse o pré-candidato a prefeito pelo PSDB. Até ontem na Secretaria de Saúde, o tucano avalia ser necessário ampliar ações de conscientização da população. “Oitenta por cento dos pacientes das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) não precisariam estar ali”, discorreu, em entrevista exclusiva na sede do Diário.

RAIO X

Nome: Gilvan Ferreira de Souza Junior
Estado civil: Casado
Idade: 31 anos
Local de nascimento: Ribeirão do Pombal, Bahia
Formação: Gestão de Recursos Humanos , graduando-se em Direito
Time: Palmeiras
Livro que recomenda: Qual é a tua obra?, de Mario Sergio Cortella
Personalidade que marcou sua vida: Ayrton Senna
Profissão: Secretário de Ações Governamentais
Onde trabalha: Prefeitura de Santo André

Caso o sr. seja eleito prefeito de Santo André, ao se sentar na cadeira em 1º de janeiro, quais serão os seus desafios a encarar no comando da cidade?

Acho que o primeiro é o de continuar transformando Santo André e fazer com que as pessoas continuem com esse senso de pertencimento e com vontade de viver aqui. Esse sem dúvida é o grande desafio. Será preciso dialogar com a sociedade e os políticos para manter a chama acesa nas pessoas para que elas continuem amando Santo André e continuem morando aqui.

A área da saúde é o calcanhar de Aquiles de toda e qualquer gestão. O setor é o que mais consome recursos e tem constante aumento de demanda, o que eventualmente sobrecarrega o sistema. Cito o exemplo da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Bangu, no 2º Subdistrito. Lá, a principal queixa é sobre a demora no atendimento, em grande parte causado por pacientes de fora da cidade. Como equalizar a situação, já que nas UPAs da região central o fluxo de atendimentos flui melhor?

O SUS (Sistema Único de Saúde) é universal e, claro, não podemos pode excluir ninguém. E quando melhoramos o atendimento na saúde esses tipos de problemas ocorrem com mais frequência. Isso porque moradores de cidades vizinhas começam a utilizar nosso sistema. Na UPA Bangu, por exemplo, 40% dos usuários são moradores de São Paulo, a grande maioria deles da Zona Leste. Se tivéssemos uma outra UPA, esses pacientes viriam do mesmo jeito. É um desafio. Quando aumentamos o atendimento e melhoramos o atendimento, automaticamente aumentamos a demanda e inevitavelmente absorvemos moradores de outros municípios. Para equalizar isso, é preciso um diálogo mais profundo, via Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, para fazer esse ajuste de demanda junto com São Paulo. Esse é um assunto que envolve também outras cidade da região, que passam pelo mesmo problema. Outro dado importante: oitenta por cento dos usuários das UPAs não precisariam estar ali. São coisas simples, como uma dor de cabeça que poderia ser revolvida nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). É cultural. Muitos nem conhecem a UBS mais perto de casa ou nem sabem quais serviços elas oferecem. É preciso fortalecer campanhas de conscientização neste sentido.

Em relação à segurança pública, quais são seus planos de ação?

A ideia é ampliar os quadros da Guarda Civil Municipal com a abertura de concurso e investir nos equipamentos. É importante lembrar que a responsabilidade da segurança pública é do Estado, com participação do município. Por isso, manter um diálogo com o governo para atuação em conjunto com as polícias Civil e Militar. Segurança pública não se faz sozinha. Sem sinergia não se chega a lugar algum. Outra iniciativa é apostar na tecnologia, como já vem ocorrendo na cidade, com a implementação de mais muralhas eletrônicas, entre outros investimentos, que mostram, segundo dados oficiais do Estado, redução nos números de roubos e furtos de veículos em Santo André.

No setor da Educação, quais são os planos de atuação do sr.?

Nosso foco, além de entregar os uniformes antes do início das aulas, temos que trabalhar sempre para manter o deficit de vagas zerado, como já ocorre, e seguir com o nível de qualidade na alimentação dos estudantes. Outra questão, assim como a gestão (do atual prefeito) Paulo Serra fez, é a da municipalização das escolas. As pessoas sentem diferença quando os alunos saem da escola municipal para a estadual. Continuar municipalizando ao máximo a quantidade de escolas para conseguir dar uma educação de qualidade e formar melhor as nossas crianças. A questão da municipalização deixa a Secretaria de Educação do município mais próxima do pai e da mãe. Com o programa de municipalização, Santo André trouxe para sua rede 17 escolas e a ideia é continuar para agregar muito mais.

Santo André tem 174,8 km² e áreas muito distantes do Centro e também em regiões de preservação ou proteção ambiental e, assim como em muitas cidades grandes, o problema da ocupação irregular e regularização fundiária ocupa boa parte do expediente da Prefeitura em busca de soluções, nem sempre a curto prazo. Como o sr. pretende atuar nesta área?

Continuar o trabalho que foi feito. Mais de 10 mil escrituras foram entregues e no nosso plano de metas já tem outras 20 mil escrituras. É importante dizer que muitos destes imóveis regularizados estavam há mais de 30 anos esperando. Então essa gestão já fez bastante e tem um programa e planejamento. Daqui para frente é continuar fazendo e chegar àquelas pessoas que ainda não possuem a escritura.

Qual o principal ponto nevrálgico que o sr. pretende atacar logo de início?

O que dá pra fazer é continuar investindo na questão da saúde, trazendo mais inteligência artificial, trazendo também tecnologia. Santo André tem uma rede estruturada com prontuário eletrônico. Assim, é possível trazer mais tecnologia para atender cada vez mais pessoas. Por exemplo, implementar a telemedicina em toda a cidade. Hoje existe um projeto-piloto ali na Vila Luzita, mas é uma ferramenta que pode ajudar muito, tanto na prevenção como até tirar por exemplo o pessoal das UPAs. Aqueles casos leves, como comentado, dentro dos 80% que vão às UPAs (sem necessidade). Esta parcela da população poderia ser atendida por telemedicina. Ainda é possível ampliar o horário de atendimento das UBSs e conversar mais com a população.

Santo André tem importantes corredores comerciais, entre eles o do Calçadão Coronel Oliveira Lima, o principal da cidade e de todo o Grande ABC, mas há outros importantes, como o da Vila Luzita e o de Santa Teresinha, por exemplo. Quais os planos do sr. para fomentar este setor e fazer a descentralização?

Quando fui secretário de Planejamento esses corredores foram mapeados para buscar formas de desenvolver essas áreas, seja com incentivos construtivos ou outros que contribuam para o movimento da economia local. A nossa lei de ocupação de solo é para a cidade inteira. Veja um exemplo, a Rua Carijós. Como é que você vai pedir para colocar uma vaga de (estacionamento de) carro na via? Não faz sentido. As pessoas passam na calçada. Então esses incentivos comerciais construtivos são importantes para o comércio, mas precisam ser analisados caso a caso para não gerarem impactos negativos.

O eixo da Avenida Industrial, entre o Viaduto Castelo Branco e a Rua Sumaré, ainda é um local com problemas que persistem há décadas. No entanto, é possível observar a construção de empreendimentos. Qual caminho a ser seguido para revitalizar aquela área entre os bairros Jardim e Campestre?

Essa é uma questão de desenvolvimento que já acontecendo. Ela (Avenida Industrial) já está evoluindo com a chegada de novos empreendimentos. Há um diálogo com a iniciativa privada para revitalizar aquela área. Há estudo impacto de vizinhança para a implementação de outros empreendimentos imobiliários e comerciais.

Caso seja eleito, qual será o seu relacionamento com o Paulo Serra assim que o sr. assumir a Prefeitura?

Vou continuar esse relacionamento próximo e escutar muito, né? Ele é um prefeito experiente, com 80% de aprovação, e por isso tem muito a ensinar. Vai ser um grande conselheiro da gestão.

Aliás, qual foi o primeiro conselho que o sr. pediu para ele depois do anúncio de sua pré-candidatura?

Por enquanto ainda não pedi.

Sem deixar o passado de lado, qual marca o Gilvan Junior vai imprimir para daqui a 4 ou 8 anos?

A minha marca será a de continuar transformando, juntando essa grande equipe. É muito importante dizer que não vai ser uma gestão do Gilvan. Será uma gestão da cidade, de políticos, de secretários e dos vereadores que acompanham a nossa base, nossas ideias e ideais. Então a marca é manter esse time unido e continuar transformando o Santo André, entregando serviços e resultados, sempre com a população sendo o centro de nossas atenções.

Como o sr. conheceu o prefeito Paulo Serra?

Em 2015, quando ele era secretário (de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos). Eu tinha demanda do comércio, trabalhava em um comércio lá na Vila Assunção. Era um problema de mobilidade, de trânsito. O Paulinho foi muito habilidoso em resolver o problema, após uma reunião com um grupo de comerciantes. Eu liderava este grupo.
 




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