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‘Coisa louca’, declara o ministro do Trabalho sobre serviço de mototáxi

Luiz Marinho critica falta de segurança do transporte de passageiros em motocicletas e diz que modalidade só deveria ser liberada para triciclos

Evaldo Novelini, Nilton Valentim
15/02/2025 | 08:46
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), classificou de “coisa louca” o serviço de mototáxi oferecido por empresas de aplicativos no Brasil e defendeu a restrição da atividade. Citando exemplos de outros países, sugeriu que a modalidade só deve ser liberada para triciclos, o que garantiria a segurança de condutores e passageiros.

“Mototáxi é um problema muito sério. Para pensar mototáxi é preciso remodelar o tipo de moto. Pensar outro tipo. A pessoa fica agarrada, é um perigo danado”, declarou Marinho em entrevista exclusiva concedida ontem ao Diário. O ministro mencionou que o serviço é oferecido em outros países, mas em um tipo diferente de veículo.

“Teria de encomendar às fabricantes fazer outro tipo de veículo. Em outros países às vezes tem, mas é triciclo. Tem três rodas. É outro tipo. Não é essa coisa louca nossa aqui, cortando no meio dos carros, botando em risco o condutor e a pessoa”, defendeu Marinho. Nações asiáticas, por exemplo, utilizam o tuk-tuk.

O ministro citou a falta de segurança do modelo oferecido por empresas como Uber e 99. Reportagem recentemente publicada no Diário mostrou que os números de óbitos e acidentes de trânsito envolvendo motociclistas no Grande ABC cresceram 15% e 10%, respectivamente, desde que o serviço passou a ser disponibilizado na região. “É prova de que aumentaram os acidentes”, declarou Marinho.

Uma das principais argumentações de passageiros de mototáxi, que diz respeito à agilidade do transporte, foi relativizada pelo ministro. “Todo mundo quer chegar mais rápido ao seu destino, mas o destino, às vezes, acelera e (o usuário) vai para o destino do cemitério. Ou do pronto-socorro”, ilustrou.

Ex-prefeito de São Bernardo, de 2009 a 2017, Marinho defendeu o debate do tema no Consórcio Intermunicipal. “Cabe às cidades pensarem. A cidade está adequada? Porque tem que adaptar a cidade para o estilo de transporte”, disse o ministro, para quem o Grande ABC tem de discutir o assunto globalmente, com os seus sete representantes.

“Os prefeitos têm que se debruçar (sobre o assunto). Acho que é errado só uma cidade fazer e a outra não fazer, porque vai piorar ainda mais esse processo. O Consórcio tem de enfrentar este debate. Acho que é importante”, finalizou Luiz Marinho.

Presidente do colegiado, o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (Podemos), garantiu que vai pôr o assunto na pauta da próxima reunião ordinária do Consórcio, que deve ocorrer no início de março. Ontem, todavia, ele sancionou projeto de lei aprovado pela Câmara que suspende o serviço por 120 dias na cidade.

Em indireta a Taka, petista afirma ver ‘ainda prefeitos em cima do palanque’

Uma das principais lideranças do PT, partido que perdeu a Prefeitura de Diadema na eleição de outubro, o ministro do Trabalho e Emprego deu uma estocada em Taka Yamauchi (MDB), que iniciou a administração fazendo críticas pesados ao petista José de Filippi Júnior, que foi derrotado pelo emedebista.

“Ganhar ou perder faz parte do processo democrático. Não adianta ficar chorando. Evidentemente que quem ganha, comemora. Mas comemora, desce do palanque e vai governar. Vejo ainda prefeitos em cima do palanque. Então é preciso começar a governar e responder às demandas da cidade”, declarou Marinho.

Sem citar nomes, o ministro disse que não adianta o prefeito atual reclamar do antecessor. “Ele perdeu, não tem oportunidade de fazer. Quem ganhou tem a obrigação de fazer. Então pare de reclamar e vai fazer”, orientou.

Ex-prefeito defende Museu do Trabalho

Ex-prefeito de São Bernardo de 2009 a 2017, Luiz Marinho (PT) defendeu que Marcelo Lima (Podemos), atual chefe do Executivo, considere a possibilidade de resgatar o projeto do Museu do Trabalho e do Trabalhador na cidade. Idealizado na gestão do petista, o empreendimento foi descaracterizado pelo sucessor Orlando Morando e transformado na Fábrica de Cultura 4.0.

“Um equipamento daquela magnitude se justifica ter ali somente a Fábrica de Cultura?”, posicionou-se Marinho ao ser questionado sobre informação recente divulgada pelo Diário revelando tratativas entre Planalto e município com vistas a retomar a função original do prédio de 5.000 m² localizado próximo ao Paço, no Centro.

Marinho não confirmou o interesse do Planalto na retomada do projeto inicial, datado de 2010. “É uma decisão que o prefeito tem que tomar. Não somos nós que vamos falar em pôr para lá ou para cá. Ele tem liberdade, ele ganhou eleição. Agora, se perguntar para mim se o investimento feito naquele equipamento justifica ter só Fábrica de Cultura lá, a resposta é ‘não’.”

Atual ministro do Trabalho e Emprego do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marinho declarou que o edifício pode ser compartilhado entre o museu e o equipamento de cultura. Financiado pelos governos federal e municipal, o projeto original custou R$ 24 milhões e não chegou a ser inaugurado – em 2018, Morando instalou a Fábrica de Cultura no local.

Segundo Marinho, a disputa política entre PT e PSDB, agremiação à qual Morando estava filiado na época, turvou o debate. “O negócio é diferente do que a imprensa noticiou sobre o museu. É outra coisa. A imprensa nunca falou do projeto do museu verdadeiramente”, lamentou o ministro.

A Operação Hefesta, conduzida pela PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal), apontou supostos desvios de dinheiro na construção do equipamento. A obra chegou a ser embargada e vários políticos foram acusados de corrupção, inclusive Marinho – que terminou por ser absolvido pela Justiça em fevereiro de 2020.

O empreendimento era chamado de Museu do Lula, alcunha rechaçada por Marinho. “O Ministério da Cultura investiu 90% (das verbas) para ser um museu tecnológico, moderno e que falasse do trabalho e do trabalhador desde a origem, dos carvoeiros dos tropeiros, das ferrovias, das funções que desapareceram e que poderiam ensinar o jovem”, explicou o ministro, que comparou o projeto ao do Louvre, em Paris, na França.




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