A postura da Braskem em relação ao desastre ambiental que devastou bairros inteiros de Maceió, capital das Alagoas, é um retrato alarmante da impunidade e da falta de responsabilidade social da companhia – que tem unidade no Grande ABC. O afundamento de cinco bairros, que obrigou mais de 40 mil pessoas a abandonarem seus lares, foi resultado de práticas irresponsáveis de mineração de sal-gema. O impacto não se restringe ao dano material; trata-se de vidas desestruturadas e de uma comunidade forçada a lidar com perdas emocionais e financeiras inestimáveis. Porém, o que mais chama a atenção é a insistência da empresa em recorrer aos tribunais em vez de realizar a verdadeira reparação.
O uso da Justiça pela Braskem, por meio dos processos de liquidação de sentença, em tese pode parecer uma forma de buscar soluções. No entanto, na prática, tem se mostrado uma estratégia para protelar e minar os direitos dos atingidos. Muitos moradores, como mostra reportagem do Diário, argumentam que os valores oferecidos pela empresa estão muito aquém da realidade do mercado imobiliário, o que demonstra a falta de sensibilidade da companhia com as vítimas do maior desastre ambiental urbano do País. A empresa se esconde atrás de números de indenizações pagas, mas ignora que o verdadeiro valor não está apenas no dinheiro, mas na restauração da dignidade das pessoas.
A postura da petroquímica, que já teve várias oportunidades de resolver a situação de forma justa, é indefensável. Em vez de priorizar acordos que contemplem as necessidades reais das dos afetados, a companhia se mantém em um jogo inexplicável – além de vergonhoso – de protelação e pressões judiciais. Esse comportamento evidencia uma desconexão gritante com os princípios de responsabilidade social corporativa e agrava ainda mais o sofrimento de milhares de famílias. O caso de Maceió não pode ser tratado apenas como um problema jurídico, mas como uma crise humanitária, e é inadmissível que uma empresa do porte da Braskem se comporte de maneira tão insensível e calculista.
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