Moradores de São Bernardo afirmam que 30 casas do Galpão Eiji Kikuti, no bairro Cooperativa, desabaram na manhã desta quarta-feira. Segundo relatos, parte do prédio cedeu e atingiu residências após ação da equipe da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), que desde o início do mês avançou na desocupação da área considerada de alto risco. Não há registro de vítimas.
“Conforme os moradores vão saindo, eles (da CDHU) já vão destruindo as casas”, diz a dona de casa Jaciana Ferreira, 31, que afirma que o teto cedeu em uma destas ações. “Por conta dessa demolição de casas (que causou a queda do telhado), o pessoal da CDHU disponibilizou caminhões para (as pessoas) tirarem as coisas”, disse. A opção dada aos moradores foi a mudança imediata para um abrigo alugado.
De acordo com ela, as ações começaram quarta, por volta das 12h, com a chegada dos membros da assistência social após a queda do telhado. “Perguntei qual era o parecer deles e a única coisa que falaram é que teríamos que sair. Foi um erro deles (o desabamento). Não existe isso de o morador mal sair e eles já irem demolindo. Depois a Defesa Civil falou que o pessoal da assistência social talvez iria realocar a gente em um alojamento e iria disponibilizar um caminhão para retirar nossas coisas e pronto”, afirmou Jaciana.
No início de setembro, o Diário noticiou que a CDHU tinha avançado no processo de desocupação da área do Galpão Eiji Kikuti. O objetivo era de realocar os moradores em novas moradias, seguras e regularizadas, por meio do programa Casa Paulista, na modalidade de CCA (Carta de Crédito Associativo). Cerca de 550 das 600 famílias já foram retiradas do local.
MORTE
Na sexta-feira (13), um homem morreu carbonizado em um incêndio ocorrido na moradia do Galpão Eiji Kikuti. Ele e a companheira, Fatima Aparecida da Silva, 56, que não estava no local no momento do incêndio, se mudariam na segunda-feira (19), seguindo o processo de desocupação da área considerada de risco.
Diante dos perigos – como incêndios, alagamentos e desmoronamentos –, as famílias estão recebendo um auxílio-aluguel de R$ 600 mensais enquanto aguardam a conclusão das novas moradias, estimada em dois anos. Esse valor é dividido entre a Prefeitura de São Bernardo e a CDHU.
“Eu tenho cinco filhos. Na minha casa são sete pessoas contando comigo e com o meu marido. Não consegui me mudar para nenhum outro lugar, porque ninguém aceita essa quantidade de crianças. A conta não fecha com R$ 600. Não estamos aqui porque queremos, não temos para onde ir. Falam que se não tiver mais espaço no alojamento, eu tenho que me virar para encontrar um local”, detalha Jaciana.
Em nota, a CDHU informa que a retirada das famílias é importante para evitar que ocorrências como a desta quarta coloquem em risco a integridade física dos cidadãos. “Atualmente, mais de 550 das 600 famílias que moravam no local já foram retiradas e estão, hoje, em segurança. Quanto ao acidente, ocorreu o desabamento de um teto em área já desocupada e nenhuma pessoa foi atingida. Para apoiar as mudanças, foram disponibilizados também caminhões, carregadores, além de equipes de assistência social, educação e saúde do município. Cabe, no entanto, a cada família encontrar um novo local para morar provisoriamente, de acordo com suas necessidades, até que os apartamentos definitivos estejam prontos.”
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